Por Fernanda Oliveira
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Quarta-feira, 25 de janeiro de 2023
Artigo
A DEPRESSÃO NO ADOLESCENTE
Faz parte da adolescência e da vida de qualquer pessoa momentos de infelicidade. Nos adolescentes em especial, considera-se como causas destes momentos infelizes a perturbação do desenvolvimento e outras variações comuns desta fase, sendo fácil observar constantes oscilações de humor.
Entretanto, nem sempre estas variações fazem parte do desenvolvimento normal. Estudos mostram que mais de 21% dos brasileiros de 14 a 25 anos têm sintomas que evidenciam depressão, sendo que nas mulheres a proporção é maior e passa de 28% (Unifesp, 2014).
Existem vários motivos pelos quais um adolescente pode ficar deprimido. Por exemplo, os adolescentes podem desenvolver sentimentos de inutilidade e inadequação em relação às exigências comuns deste período acadêmico. O desempenho escolar, o status social com os colegas, a orientação sexual ou a vida familiar podem ter um grande efeito sobre como o adolescente se sente. Às vezes, a depressão adolescente pode resultar de estresse ambiental.
Atenta-se ao fato de que, quando amigos, família ou atividades que deveriam ser prazerosas já não ajudam a melhorar a tristeza ou a sensação de isolamento, há uma boa chance de que o adolescente esteja em estado depressivo. Portanto, se a infelicidade do adolescente durar mais de duas semanas e ele apresentar outros sintomas de depressão, pode ser hora de procurar a ajuda de um profissional de saúde mental.
Adolescentes com depressão frequentemente apresentam uma mudança perceptível em seu pensamento e comportamento. Eles podem não ter motivação e até mesmo se tornar retraídos, fechando a porta do quarto depois da escola e ficando no quarto por horas. Podem dormir excessivamente, ter uma mudança nos hábitos alimentares e até mesmo apresentar comportamentos ilícitos. Abaixo estão listados os sintomas mais comuns apresentados:
Apatia.
Queixas de dores, incluindo dores de cabeça, dores de estômago, dor lombar ou fadiga.
Dificuldade de concentração.
Dificuldade em tomar decisões.
Culpa excessiva ou inadequada.
Comportamento irresponsável - por exemplo, esquecer obrigações, chegar atrasado para as aulas, faltar à escola.
Perda de interesse em comida ou comer compulsivamente que resulta em rápida perda ou ganho de peso.
Perda de memória.
Preocupação com a morte e morrer.
Comportamento rebelde.
Tristeza, ansiedade ou um sentimento de desespero.
Ficar acordado à noite e dormir durante o dia.
Queda repentina nas notas.
Uso abusivo de álcool e outras drogas.
Atividade sexual considerada irresponsável.
Afastamento de amigos.
A depressão na adolescência pode ser mais comum entre adolescentes com histórico familiar de depressão. O diagnóstico é realizado por um profissional da saúde mental através de entrevista, testes e psicoterapia. A gravidade da depressão adolescente e o risco de suicídio são determinados com base na avaliação do profissional. As recomendações de tratamento também são feitas com base nos dados coletados nas entrevistas.
São investigados sinais de transtornos psiquiátricos potencialmente coexistentes, como ansiedade ou abuso de substâncias, ou fará a triagem de formas complexas de depressão, como transtorno bipolar ou psicose . O profissional também avaliará o adolescente quanto aos riscos de características suicidas ou homicidas. A incidência de tentativas de suicídio e automutilação é maior em mulheres do que em homens, enquanto o suicídio consumado é maior em homens. Um dos grupos mais vulneráveis ao suicídio consumado é o grupo de 18 a 24 anos.
Existem vários métodos usados para tratar a depressão, incluindo medicamentos e psicoterapia. Ocasionalmente, a hospitalização em uma unidade psiquiátrica pode ser necessária para adolescentes com depressão grave, onde há um risco maior de suicídio.
É importante destacar que medicamentos antidepressivos podem ocasionalmente aumentar o risco de pensamento e comportamento suicida em adolescentes com depressão e outros transtornos psiquiátricos. O uso de antidepressivos em pacientes mais jovens requer monitoramento e acompanhamento especialmente cuidadoso dos profissionais e da família.
Um grande número de estudos experimentais mostrou a eficácia dos medicamentos contra a depressão no alívio dos sintomas da depressão em adolescentes, juntamente com a psicoterapia, para ajudar o adolescente a reconhecer e mudar padrões negativos de pensamento que podem aumentar os sintomas de depressão.
Os sinais de alerta de suicídio com depressão adolescente incluem:
Expressar desesperança para o futuro.
Desistir de si mesmo, falando como se ninguém mais se importasse.
Preparar-se para a morte, doando seus pertences favoritos, escrevendo cartas de despedida ou fazendo um testamento.
Começar a usar ou abusar de drogas ou álcool para ajudar no sono ou para aliviar sua angústia mental.
Ameaçar se matar.
Se o adolescente exibir qualquer um desses comportamentos, você deve procurar ajuda de um profissional de saúde mental imediatamente. Em diferentes graus, a depressão apresenta um risco de suicídio. Qualquer pessoa que expresse pensamentos ou intenções suicidas deve ser levada muito a sério.
Ser pais de adolescentes pode ser um grande desafio. A falta de manejo tem mais a ver com limitações nos pais, que precisam de ajuda para condução dos seus conflitos, para que possa ajudar o filho. No entanto, existem algumas técnicas eficazes de educação e comunicação que você pode usar para ajudar a diminuir o nível de estresse do filho adolescente:
Ao disciplinar o filho, substitua a vergonha e a punição por um reforço positivo de bom comportamento. A vergonha e o castigo podem fazer com que o adolescente se sinta inútil e inadequado.
Se permita e permita que seu filho cometa erros. Superproteger ou tomar decisões para adolescentes pode ser percebido como falta de fé em suas habilidades. Isso pode torná-los menos confiantes.
Dê espaço para respirar. Não espere que os adolescentes façam exatamente o que você diz o tempo todo.
Não o force a seguir o caminho que você queria seguir. Evite tentar reviver sua juventude por meio de suas atividades e experiências.
Se você suspeita que seu filho esteja deprimido, reserve um tempo para ouvir suas preocupações. Mesmo que você não ache que o problema seja realmente preocupante, lembre-se de que pode parecer muito real para alguém que está crescendo. Mantenha as linhas de comunicação abertas, mesmo que seu filho pareça querer se afastar.
Tente evitar dizer a seu filho o que fazer. Em vez disso, ouça com atenção e você poderá descobrir mais sobre os problemas que estão causando os problemas.
A depressão adolescente tende a ir e vir em episódios. Depois que o adolescente tem um surto de depressão, é provável que em algum momento volte a ficar deprimido. A consequência de deixar a depressão adolescente sem tratamento pode ser extremamente grave.
Fernanda Oliveira
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