Blog da Fê para Você

Por Fernanda Oliveira

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Quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Artigo

SE TE FERE NÃO É AMOR OU NÃO VALE A PENA!



Você pode não perceber, mas está cercado de amor. Nos seus sonhos, quando você acorda de manhã, abre os olhos. O seu copo se movendo, as texturas dos tecidos, os perfumes, os seus pensamentos já sinalizando o que precisa ser feito.


Talvez uma das primeiras coisas que chegarão até você são os cumprimentos, os olhos e sorrisos de sua família. Ou o seu querido animal de estimação te chamando para ter um ótimo dia, pois o dele já está maravilhoso ao seu lado. Espera-se uma rotina saudável para dar seguimento a um dia incrível! Posso estar falando de uma realidade diferente da sua, mas neste momento vou dizer que isso tudo é consequência do exercício do AMOR PRÓPRIO!


O amor é fascinante e complexo. O amor próprio então, diz de muita construção sobre o valor que você se permite reconhecer em você mesmo. E assim como o amor pelas pessoas, o amor de uma forma geral parece ser um belo mistério difícil de explicar, porque tem a ver com uma vida inteira de experiências, que começam algumas décadas antes de você nascer.


Aqui, quero falar sobre três formas de se relacionar que PARECEM AMOR, mas são MALDITOS.


Já antecipo que se você está em uma relação onde oferece mais do que recebe, ou ela está se tornando cansativa, pode ser sinal de uma relação tóxica ou até mesmo abusiva. O amor não é dor, nem viver de lamurias. Isso é coisa de poetas e é outra história.


A vida ao lado da pessoa amada deve ser leve e não pesada. Se não está funcionando é porque algo está errado e nem sempre a culpa é totalmente sua, apesar de que estar com alguém faz parte de suas escolhas. O amor pode ser mais do que você conhece, fique atento e não se permita sofrer.


E esta reflexão vale para as mulheres e também para os homens. Frequentemente os homens apresentam maior dificuldade em admitir que estão tendo algum tipo de sofrimento por um relacionamento abusivo, pois existe a cultura de que a mulher é o “sexo frágil”. Saiba que tem muita mulher com a energia masculina acentuada em momentos que não interessam. Esta masculinidade pode se apresentar não como características óbvias, mas como comportamentos e formas de se expressar agressivos, que se confundem com sinceridade, intolerância ou são justificadas pela forma da pessoa ser.


Falando sobre as formas de se relacionar que não são saudáveis, a primeira delas é a SUPERPROTEÇÃO. Esta atitude geralmente envolve amor, mas é predominantemente ambivalente - tem sentimentos negativos envolvidos. É muito comum comparecer em relacionamentos familiares ainda na infância, que estendem em outras formas de se relacionar na vida adulta. Portanto, é bastante comum ocorrer entre casais, amigos e em vários níveis de hierarquia.


A superproteção representa um desejo excessivo de evitar danos ou sofrimentos à outra pessoa, que normalmente é considerada vulnerável ou indefesa. Quando amamos alguém, obviamente desejamos somente o bem para essa pessoa. No entanto, alguém excessivamente cuidadoso pode ver perigos onde não há ou considerá-los maiores do que realmente são, caso existam. Nesse sentido, as pessoas superprotetoras – incluindo os pais - costumam ignorar o fato de que as experiências ruins são fonte de aprendizado.


Dizemos que essa é uma das facetas do amor que não vigora no carinho, mas na angústia. Quem superprotege projeta no outro seus próprios medos, que aprende uma já aprende uma realidade delirante. Além disso, normalmente essa pessoa não consegue evitar o sofrimento do ser amado. Ela acaba invadindo o espaço do outro, impedindo seu crescimento.


Outra forma que parece amor tem a ver com o excessivo desejo de CONTROLE sobre o outro. Lembra a superproteção, mas não é a mesma coisa. Não há reconhecimento do seu valor, ao contrário, trata-se de um vínculo marcado pelo ato de desmerecer o ser “amado”. Que loucura isso, mas é o que acontece e nem sempre é perceptível. No fundo, o que se busca é fazer com que o ser “amado” aprenda a desconfiar de si mesmo e passe a precisar do outro. De alguma maneira, tenta-se criar uma dependência por parte do outro.


Um facilita as coisas para o outro. Carrega objetos pesados, oferece apoio nas situações difíceis, presenteia com viagens, ajuda com as despesas financeiras, muitas vezes assumindo não só ajudando. Também dedica seus esforços para que o outro não passe por desconfortos. No entanto, essa disposição não é gratuita. Paga-se com a limitação da autonomia e da liberdade. Paga-se com a alma!


A intenção real é de que um precise do outro de maneira definitiva. De fora, pode dar a sensação de que o controlador se esforça para fazer a vida de quem ama mais feliz, mas na verdade seus esforços visam tornar o outro incapaz de viver sua vida sozinho. O controlador manipula para que o vínculo se mantenha e se torne cada vez mais estreito. Na verdade isso não é simplesmente amor, é controle egoísta.


E por fim, a DEPENDÊNCIA é uma das formas mais comuns dessas facetas do amor. Se a superproteção e o controle é um lado desta báscula, a dependência geralmente vem pra “selar” este “casamento perfeito” e disfuncional. Nesse caso, o que existe é um vínculo peculiar, no qual a pessoa deposita todas as suas necessidades e suas frustrações na outra. A pessoa entrega, por assim dizer, a obrigação de ser responsável pela própria felicidade. Uma espécie de pai ou mãe substitutos que estejam a todo momento disponíveis para satisfazer seus desejos.


Essa espécie de “tutor” pode chegar a ser uma necessidade desesperadora. No fim, é como se fosse um escudo frente à vida. Evita o confronto com seus próprios limites. Muitas vezes também protege da angústia de ter que decidir e, com isso, ganhar ou perder. O dependente pode sentir que ama o outro profundamente, mas na verdade se trata de um vínculo de exploração mútua.


Embora no fundo sua natureza não é a amabilidade, esses comportamentos figuram como expressões de amor, principalmente por serem intensos. Todas essas formas de “pseudoamor” são nocivas, escondem situações a serem resolvidas. São realidades que parecem amor, mas que têm mais a ver com algum tipo grave de psicopatologia. Quase nunca terminam bem ou perpetuam como um aprisionamento mútuo. Originam dor e impedem o crescimento de ambos. Infelizmente, tendem a criar laços muito fortes, que muitas vezes acabam ferindo as pessoas envolvidas.


Você já viveu ou vive um amor assim? Conhece alguém que vive este tipo de amor maldito? Deixe seu comentário ou envie a sua mensagem, você pode estar precisando de ajuda ou pode ajudar alguém. 



Fernanda Oliveira


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