Por Fernanda Oliveira
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Quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023
Artigo
A INFLUÊNCIA DA MÚSICA PARA O BEBÊ DURANTE A GESTAÇÃO
Uma música pode causar vários
efeitos em nós, nos deixando tristes ou alegres, fazendo nosso corpo se agitar
ao máximo ou nos fazendo ficar relaxados. Mas será que há alguma influência da
música em um bebê durante a sua gestação?
Estudos recentes mostram que sim! Há influência da música durante a gestação e é exatamente isso que veremos no artigo a seguir.
Antigamente, acreditava-se que um bebê no útero de sua mãe era uma verdadeira tábula rasa, conforme o pensamento do filósofo John Locke (1632- 1704). Esta ‘página em branco’ era gradativamente preenchida a partir do nascimento pelas suas experiência sensoriais. Ou seja, durante a gestação, era considerado que o bebê possuía uma mente vazia, além de se pensar que os seus sentidos passariam a funcionar somente após o nascimento.
Esse é um pensamento que algumas famílias tradicionalmente adotavam, evitando após o nascimento de colocar os bebês em ambientes iluminados, pelo medo a luz prejudicar seus olhos. Assim como era um costume falar baixo perto do bebê, para que se evitasse danos aos seus ouvidos.
A partir de 1970, com avanços da medicina e tecnologia, surgiram estudos que conseguiram analisar o feto no útero, pelo monitorando de seus batimentos cardíacos e imagens feitas por ultrassom da vida intrauterina. O que revolucionou tudo o que se sabia sobre o feto, pois viu-se que ele era vivo e ativo.
Desse modo, percebeu-se, dentre diversas outras ações, que o feto se movia antes que a mãe pudesse sentir e que ele era sensível à luz, sons do corpo da mãe e manifestações externas. Estudos seguintes mostraram que os bebês até mesmo possuem preferências sonoras, visuais e olfativas já na gestação, demonstrando que a via intrauterina é rica em experiências.
Para entender como a música pode influenciar um bebê tanto dentro quanto fora do útero, temos que analisar um pouco do ambiente sonoro em que ele está inserido: A BARRIGA DA MÃE!
Através de um hidrofone, que é um pequeno microfone que capta som em ambiente aquoso, pesquisadores conseguiram ter uma boa ideia do som que os bebês ouvem durante a gestação. São sons mais diversos, como o batimento cardíaco da sua mãe e dele próprio, o fluxo sanguíneo nas veias, fluxo do cordão umbilical, a respiração, além de também sons externos, como a voz da mãe, sua marcha e outros ruídos do ambiente, ASSIM COMO A MÚSICA!
Entretanto, o bebê não ouve o som como nós ouvimos, porque ele está imerso em líquido amniótico. Na verdade, antes de adquirir a sua capacidade auditiva, o bebê ouve o som pela vibração do ambiente a sua volta, fazendo com que sua pele se torne uma superfície de escuta. Depois que adquire a capacidade auditiva, ele ouve o som tanto pelas vibrações em sua pele quanto pelos seus ouvidos.
Em um estudo feito em 1983 por Birnholtz e Benacerraf com 236 fetos, 228 piscavam quando ouviam um som produzido pelos cientistas, enquanto que apenas 8 não se movimentaram. Depois que os bebês nasceram, descobriu-se que os 8 fetos que não se movimentaram eram surdos.
Depois do sexto mês de gestação, identificou-se que o feto reage muito melhor a estímulos sonoros que envolvem palavras ou músicas, indicando que sua capacidade de discriminação auditiva se torna muito aguçada. Nesse ponto, o bebê pode identificar muito bem o timbre e a entonação da fala da mãe.
A pesquisadora Alexandra Lamont, em
2001, convidou gestantes no 7º mês de gravidez ao final do 9º mês para tocar
repetidas vezes uma peça musical para seus bebês. As músicas variavam entre
clássicas, como Mozart e Vivaldi, e músicas populares, como UB40, Five,
Backstreet Boys, dentre outras.
Depois de nascerem, as mães não deveriam tocar essas músicas para as crianças em um período de um ano. Após esse período, em um laboratório, os bebês foram posicionados em meio a dois alto-falantes, que eram ativados pelo movimento da cabeça do bebê. Um dos alto-falantes tocava as músicas que eles ouviram durante a gestação e outro tocava músicas parecidas.
Foi observado por Lamont que os bebês olhavam mais para o alto-falante que tocava a música que eles tinham ouvido durante a gestação. Quando o mesmo experimento foi feito com bebês que não tinham ouvido músicas durante a gestação, eles não demonstraram preferência por nenhum dos alto-falantes.
Esse resultado indica que o bebê, mesmo antes de nascer, já possui uma memória musical de longo prazo que pode ser acessada depois de nascido.
Como vimos, os nove meses que o feto
passa no útero da mãe contribuem muito para que suas habilidades se
desenvolvam. No entanto, será que a música ajuda nesse desenvolvimento?
Um conceito que ficou popular nos anos 90 foi de que se as mães ouvissem música clássica durante a gravidez o seu filho ficaria mais inteligente. Entretanto, não há provas de que essa afirmação é verdadeira.
O que há de mais comprovado sobre a influência da música sobre os bebês é um fator que podemos comparar com nostalgia. VAMOS EXPLICAR PARA VOCÊ!
Dentro do útero, como já mencionado, existem diversos sons característicos que, depois que o bebê nasce são retirados dele. Esses sons fizeram parte da vida do bebê por 9 meses e ele estava acostumado a eles.
Imagine a estranheza que o bebê deve sentir ao sair do útero da mãe, com um novo mundo com sons e sensações totalmente diferentes. Em um primeiro momento, essa mudança abrupta pode desagradar ao bebê.
Contudo, quando um bebê é exposto a uma música durante a gestação, ela acaba se tornando um som familiar para ele. Um som familiar para o bebê, como estudos provaram, pode fazer com que ele se acalme mesmo que ele esteja agitado.
É o mesmo que acontece quando o bebê ouve a voz da mãe, que também o acalma, porque ela, assim como uma música que ele ouviu durante a gestação é familiar. Então, o grande benefício ao expor um feto a música é que ele, depois de nascido, poderá reconhecer essa música e ficar mais calmo, pelo som ser semelhante ao que ele ouvia dentro da barriga da mãe.
Portanto, vale a pena escolher bem as músicas oferecidas ao bebê durante a gestação! Se ligue nesta dica!
Fernanda Oliveira
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