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Por Fernanda Oliveira

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Quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Artigo

EDUQUE CRIANÇAS MAIS GRATAS E GENEROSAS



Os filhos se beneficiam de muitas maneiras ao aprender a ser generosos e a cuidar dos outros. Pesquisas demonstram que a empatia é uma das bases para se tornar um adulto feliz, bem ajustado e bem-sucedido. Ter empatia também torna pessoas adultas mais agradáveis, mais empregáveis, melhores líderes e mais conscientes. E ainda aumenta seu tempo de vida.

 

A melhor notícia é que a empatia pode ser cultivada, e alguns dos melhores geradores de empatia são projetos de serviço para ajudar as crianças a sair de sua zona de conforto, abrir seus olhos e expô-los à vida de outras pessoas. Sabemos que criar uma criança é algo que se faz para o mundo e não para os pais! Nem sempre é confortável para os pais pensar sobre este aspecto, mas é fundamental para se educar a criança para a vida adulta.

 

Uma educação voltada para o coletivo se aprende pelo exemplo: pais gentis entre si, professores que praticam escuta ativa, irmãos tratados com igualdade, parentes solidários, amigos solidários, afinal, a capacidade mimética dos pequenos é importante meio de aprendizagem infantil. A seguir, apresentaremos algumas dicas para a criação sadia de crianças mais generosas e gratas. Atentando ao fato de que estudos indicam que pessoas mais generosas e gratas são mais felizes.  

 

O estilo de vida em confinamento neste inesperado ano de 2020 nos ensinou que a cultura de confinamento prejudica nossa saúde mental - com as crianças o processo não é diferente – e os pais perceberam que pouco convivem, ou conhecem, seus próprios filhos.

 

Mesmo antes da pandemia, o comportamento contemporâneo já estava inclinado a cultuar o confinamento como uma regra necessária para o bem-estar e o crescimento individual das crianças. Os prédios se tornaram o destino final de suas rotinas mecanizadas que alternam entre escola, clínica médica, reforço escolar, escola de línguas, casa, esporte, dentre outras diversas atividades. Toda uma formação voltada para o desempenho e vida interior.

 

Por consequência, o estilo de vida atual se tornou solitário e individualista, gerando grande ansiedade e sensação de solidão. Quando as crianças não estão envolvidas com as atividades privadas, elas esperam o próximo dever a cumprir, confinadas e frequentemente entediadas.

 

A interação com a natureza e as oportunidades de fazer amizades e explorar a curiosidade está se tornando cada vez mais escassa nos centros urbanos modernos, ainda mais quando os pais da criança não são afeitos às atividades externas.

 

Durante o distanciamento social pudemos sentir na pele o quanto dependemos dos outros para nossa felicidade - não no sentido de encontrá-la no outro - mas de termos acesso a ela pelas trocas e experiências que conquistamos a partir do outro. De repente, valorizamos um abraço, o calor das festas de final de ano com amigos e família, a importância que damos à vida lá fora. E que sorte para quem pôde sentir o quão é valoroso um abraço.

 

O impacto do confinamento como cultura não é pequeno na mente ou no coração daqueles que o vivem. Vários são os relatos do desenvolvimento ou acentuação de psicopatologias neste período, como agorafobia e síndrome do pânico, em razão do isolamento prolongado, sendo muito difícil restabelecer conexões e voltar à vida social de antes. 

 

A primeira dica para filhos generosos e gratos é estimular a vida social o quanto possível! Primeiro em casa - com a família – é importante os pais compartilharem momentos juntos, construindo momentos felizes, esse é o maior ato de generosidade. E ainda – dentro do que for possível hoje para ampliar pós pandemia - deixá-los brincar e interagir com outras crianças, conhecer o diferente, brincar com o diferente para não permanecer estranho.

 

Outra dica é a aproximação dos seus filhos. Conheçam seus filhos para além das suas expectativas. Eles já são projetos em construção, contribua para a sua formação, mas não os massacrem com seus desejos próprios. Sabia que os filhos têm suas personalidades, interesses, aflições, inseguranças, expectativas e dificuldades. Saibam o que funciona ou não na hora de se comunicar, disciplinar e apoiar. Entenda como ele pensa! A palavra de ordem aqui é empatia! Assim, você já estará ensinado a empatia pela empatia. A perspectiva funciona como um importante mecanismo de inteligência emocional.

 

E não se esqueça de que a partilha começa em casa. Estudos indicam que os pais não são tão generosos na distribuição de investimentos sobre seus filhos. Essa conversa é importante na medida em que o investimento presente ajuda a fixar o futuro da criançada. Todo pai já foi filho um dia, eles sabem o que significa estar na posição filial, mas isso é perdido quando mudam de perspectiva e se recusam a sair da zona de conforto.

 

A última dica é sair da zona de conforto! Deixe seu filho participar da organização e partilha em casa ao avaliar os gastos e investimentos da família, se preocupe com a participação dele nas grandes decisões se ele já consegue compreendê-las. Compreenda que ser generoso não significa condescendência. Ser gentil é compartilhar os recursos materiais da família e imateriais, como afeto, compaixão e generosidade. Infelizmente alguns pais, mais comum entre pares, demonstram práticas mesquinhas ou competitivas com os filhos, de forma desleal e infantil, atentando que nem sempre este comportamento é controlável.

 

Sei que os pais fazem o seu melhor e o melhor tem a ver com o possível.

Gosto imensamente da frase de Jacques Lacan “Cada um alcança a verdade que é capaz de suportar.”

Se para você o seu melhor não está o suficiente, se lhe falta suporte, não se acanhe em pedir ajuda a um profissional da área de saúde mental. Pode ser uma oportunidade preciosa de crescimento e aprendizado para toda a família. Não há garantias, mas um suporte adequado para os filhos pode ser um diferencial para a sua felicidade e o seu sucesso.

 

Os filhos agradecem, o país agradece!

Fernanda Oliveira


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