Por Fernanda Oliveira
Últimas publicações
04/02/2023
As tranças de Rapunzel
03/02/2023
O cruel estigma do mito da mãe perfeita
03/02/2023
O poder da atmosfera familiar
02/02/2023
Se te fere não é amor ou não vale a pena!
Palavras-chave
Segunda-feira, 30 de janeiro de 2023
Artigo
AMOR NÃO SE MENDIGA
Amor que se mendiga não é amor! É falta de dignidade e de respeito de uma pessoa consigo mesma. Porque quando amamos alguém, cuidamos dessa pessoa e evitamos ao máximo qualquer tipo de dor que ela possa sofrer. Por isso, se você não cuida dos seus amores, se não evita suas dores, são apenas amores falsos.
Nesse sentido, fazer isso é o primeiro passo para viver um amor em plenitude, para não cair em casos de manipulação, de maus-tratos e de vitimização. Provavelmente sentimos e pensamos que em determinadas ocasiões o sofrimento é inevitável, mas não é.
Qualquer ser humano é capaz de superar a si mesmo, de impedir que os outros se aproveitem de seus sentimentos e de perceber se uma relação não é digna para nós porque não nos oferece felicidade, prazer ou crescimento.
Perceber e se afastar de um amor que não nos ama e que não nos dá atenção ou carinho envolve passar por um tempo de luto que deve ser respeitado; trata-se de um tempo e um espaço para compreender o que aconteceu.
O sofrimento por amor precisa de reflexão para ser superado, pois a angústia de se dar conta de que alguém não nos ama nos faz sentir apavorados por dentro. Sentimos que essa falta de amor nega e inutiliza todos os nossos sentimentos e acaba com a nossa capacidade de amar.
É necessário permitir a si mesmo um tempo para ficar chateado, para negar a realidade, para fantasiar, para ficar horrorizado, para perder o chão, para não se compreender e depois descobrir as partes nossas que estão quebradas e as que estão intactas, para restabelecer os sentimentos.
Tudo isso é indispensável para amarmos a nós mesmos, para nos sentirmos importantes e valorizados. No final, quando deixamos alguém que não nos ama de verdade para trás, começa um processo de liberdade emocional que substitui toda a dor por bem-estar.
O amor deve ser demonstrado, não mendigado. Implorar por amor é submeter a nossa capacidade de amar ao mais cruel sentimento: a indiferença. A indiferença nasce do desequilíbrio das relações e se sustenta graças à fraqueza de um dos membros da relação.
Não há nada melhor do que demonstrações de interesses contínuas para começar a abrir os olhos quando nos sentimos obrigados a fechá-los.
Então nos damos conta de que nem todo amor é amor de verdade, de que nem sempre nosso querer recebe reciprocidade, e de que para ser feliz em casal é preciso que os dois sujeitos se divirtam juntos, sejam cúmplices e bons amantes.
Só na ausência de mentiras, de desculpas e de desinteresse é possível criar um amor que seja, em essência, liberdade, e gere condutas saudáveis e não ressentimentos. Nós merecemos relações em que temos liberdade de escolha, proximidade, baseadas no carinho, em tempo compartilhado e em pensamentos que caminham juntos.
Ninguém pode fazê-lo infeliz sem o seu consentimento. Para construir uma relação em casal feliz é preciso dar importância e valor a si mesmo, gostar de si. Ou seja, devemos demonstrar tudo isso a cada dia.
Quando conseguirmos isso estaremos prontos para não buscar quem não nos valoriza e não demonstra interesse, não nos entregarmos ao limbo emocional que é a indiferença que nos dá apenas mensagens ignoradas e silêncios sem fundamento.
Ainda que os amores nos decepcionem, que sintamos que estamos ao lado do amor de nossas vidas ou que não acreditemos que existam amores eternos, o amor verdadeiro e indispensável é o amor por si mesmo, e será a partir do cultivo desse sentimento de amor pessoal que poderemos entender e buscar o que merecemos de verdade.
Fernanda Oliveira
Deseja receber os novos textos publicados?